28 de agosto de 2011

black box



The weather was absolutely perfect on this morning,
So we could see everything very clearly.
You knew that there had been a terrible eruption
But you couldn't see any machinery,
You just see this collapsing ice.
When we got closer, the pilot said there was something
On the radar that he hadn't seen the day before.
Then we saw for the first time what had happened in the crater.
We saw nothing but black ice, covered with ash and then water
With floating ice blocks and ash at the bottom.
I got really afraid,
My heart missed a beat.
I felt this had already happened
But I was about to see it again...

We only got a very brief glimpse but you really felt
You were seeing something nobody had seen before.

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A essência da vida

Acreditando ter entendido sobre a essência da vida, um monge deixou o mosteiro ainda jovem para viajar pelo seu país. Depois de muitos anos reencontrou seu velho mestre, o qual lhe perguntou... "Diga-me sobre a essência da vida..." O monge respondeu: "Quando não há nuvens sobre a montanha, a lua penetra as ondulações do lago". O mestre olhou o seu antigo discípulo, com raiva: "Está a ficar velho, o seu cabelo, é cinza, restam-lhe apenas alguns dentes na boca e passado todo este tempo, ainda não compreendeu a essência da vida." O monge baixou os olhos, com as lágrimas a escorrem-lhe pelo rosto. Depois de alguns minutos em silêncio, o monge perguntou: "Por favor, você me diria sobre a essência da vida...?". "Quando não há nuvens sobre a montanha", respondeu o mestre, "a lua penetra as ondulações do lago…"

autor desconhecido

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20 de agosto de 2011

cristal

Os cristais que recolhia na montanha com a ajuda de um pequeno martelo de mão eram pertença da mesma montanha onde sua família habitava há várias gerações. No sopé da grande cordilheira dos Himalaya, numa aldeia verde rodeada por um imenso lago, espelhava-se de céu e simultaneamente de azul nos tons quentes de uma noite iniciada de luar.
Os cristais colhidos, nascidos do Tempo, estavam a três dias ou quatro dias a pé montanha a acima, mais regresso em outros tantos, procurando o melhor abrigo para preparar a noite, e regressar.
Que me tivesse contado teriam sido cinco ou seis vezes as vezes que até à data de sua idade aí havia sazonalmente habitado até aos dias de hoje. Chegar até aqui, a pé, deixava-o somente a monção e a montanha - o tempo, os pássaros, as árvores - dava-lhe as melhores pistas do dia certo para a procura dos primeiros trilhos do momento, aos que a si pedia permissão contemplando-a em toda a sua abundância e de si esperando a obtenção de uma resposta válida, ou não, que por nada deste mundo antes que ela a desse alguém se quedasse a um início de caminho. Se a montanha por si integrada como a identificação da divindade e do sagrado lhe endossasse essa permissão, ele agradecia, oferecendo-lhe a sua contemplação e a sua meditação mais humildes, a dança e a contemplação do fogo numa roda de cânticos, e as histórias. Aí construía e reparava os seus instrumentos e se lançava adentro a esse momento juntamente com a sua família, pais, primos, irmãos, adentro da cordilheira até desaparecerem lançados a essa procura. Atravessavam pontes suspensas sobre rios e por vezes passagens através de um só fio, para por fim se aproximarem cada vez mais desse momento único e singular em que descobrir é vivido como agradecimento a uma oferta. É difícil dizer isto sem que fale da cor dos seus olhos, pois são esses mesmos os que agora à minha frente e me fazem parte desta passagem - ele sorri, continuando a história de como encontrou estes cristais que agora deposita sobre a minha palma da minha mão. Sem perceber, sem ser preciso ter de perceber, repousa sobre a mão estendida um pequeno cristal; um pequeno cristal desenvolvido a par de um pequeno e ínfimo pedaço de tempo, de leveza e transparência, irradiando e em si reflectindo todas as cores inclusas de verdes das árvores, no movimento dos reflexos, e de brilho de experiência de vida à qual símbolo é esta entrega e tudo o mais que nesse instante de partilha fosse presenciado pelos meus.

Oferece-me um cristal retirado do lote que havia recolhido desta sua última viagem e que agora, está aqui à minha frente, entregando-o humildemente; onde sobre as minhas mãos em seu agradecimento é energia um estado puro - e continua com a sua história, que é a da sua vida, agora feita escritas num bloco de notas e de memórias.
Dormimos essa noite após ter rodado o hemisfério a sul, entre o Cinzel, Fénix, e Escultor. De manhã, ao acordar, comi fruta e bebi chá quente de frente à belíssima cordilheira espelhada no lago. Bebi chá e comi fruta e arroz, e de imediato atento que com outros e melhores instrumentos poderia vir a recolher mais e melhores cristais da montanha, mas recordo-me no que me havia dito Singh e depressa percebo que todo o ritual é uma forma de honrar a contemplação da terra e dos elementos, do sol e da lua, e da própria energia em si. A recolha e o simbolismo que depositam em cada descoberta fá-los usar esses ínfimos pedaços de criação do tempo como totens ou baterias carregadas no sagrado, que sabiamente usam para se situarem no presente e que sabiamente dirigem, no acordo que se estabelece do eléctrico com a vibração.
‘’Sentimo-nos imensamente gratos de sermos capazes de suportar esta forma de tratar a terra e sua recompensa com bondade e gratidão”. Belíssimos cristais de quartzo cujo prisma é constituído por duas verdadeiras e perfeitas terminações", devem ter dito os meus olhos, já que, contemplando-nos mutuamente, “Para muitos uma simples pedra, para outros a ligação mais profunda”, disse-me Singh. “De dentro de cada um destes cristais há um, como o primeiro, como um que nos abre uma passagem”, e eu fico por momentos sem perceber o que disse, e ele percebe, logo repetindo, “ao estimar tudo o que está contido neste cristal agora em ti e nas tuas mãos, estou na verdade a honrar-te e à tua presença em um outro caminho, mas aqui e agora reunidos”...

Fecho por agora o livro de apontamentos, o bloco de notas e de algumas memórias transcritas dos momentos mais sublimes desta viagem à superfície de um exterior de desgaste que esmói do cristal o carvão a cada palavra…Um esparso brilho, reflectido futuro… fugaz quando de perto vislumbrado.

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frio

é um búzio vazio

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quedado

Era fim de tarde e um automóvel descia calmamente a encosta da colina, com o oceano ao fundo e a sucessão de outras colinas e pequenos promontórios também ao fundo, mas distantes à sua passagem. Estava ali à espera de começar a descer calmamente aquela verde colina colorida pelas flores dessa estação. Parecia sereno. Antes de dar o primeiro passo quis olhar para trás. Iniciou a descida da colina até à sua casa situada junto a um ribeiro ladeado de choupos, que iam progressivamente desaparecendo à medida que as terras se adensavam mais salgadas. Ao lado, um poço, de água-doce. Em casa, uma mulher,  vivia com ele os últimos dias.
- O tempo dirá. – disse ela, reclinando-se na cadeira por debaixo do alpendre. – o tempo dirá…
Descendo da colina, desatou a correr que nem um doido, largou as muletas, tropeçou várias vezes em si, e chegou ao seu destino a custo, entre trambolhões e passadas largas, e outras breves pausas que lhe roubavam da imobilidade um escasso momento de calma ao movimento.
À porta de casa levantou-se olhando para ele:
- Que idade tens? – És um rapaz novo? Não. Bem me parecia. Olha para ti, todo arranhado mais uma vez. Dói-te alguma coisa? Tens a testa arranhada e os joelhos esfolados… olha para mim. Porquê…
Envergonhado como um infante, nada disse. Pendeu a cabeça entre os ombros e entrou, já o sol se cruzava laranja na base da única janela que aquela casa tinha. Seguiu até à casa de banho para se limpar sobre ferido. Amparando-se na parede e na ombreira da porta, no lavatório e na banheira, conseguiu finalmente sentar-se no bidé. Descalçou as botas, desabotoou a camisa, tirou as calças e ficou nú olhando-se de frente num espelho partido pendurado atrás da porta. Velho, como um pensamento… Olhava tranquilamente por cima das sobrancelhas franzindo a testa e afastando os cabelos colados às feridas resultantes das múltiplas quedas a si infligidas. Não tinha já idade para caminhar, muito menos para tentar voar.
- Estás bem? – perguntou ela tentando abrir a porta, uma única vez... e voltou-se para trás caminhando na direcção do jardim, deixando-o em paz, como de costume.
Olhando o espelho, com as mãos esgadanhadas e depositadas no apoio do lavatório, suspirou de alívio. Voltou a levantar a cabeça, passou as mãos pelo cabelo e lavou a cara, secando-a na camisa rasgada.

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é isto

 Da última vez que havia levantado a cabeça ondulada por entre vagas de uma tempestade que durava há dias recordei que há anos vivia dentro do oceano, vagando o montante das montanhas até ao fundo dos vales que ora avante se erguiam quedados suaves deslizando de amplas e alvas plataformas de luz e cor ora entanto imergiam de volta a terra vinda ao enjoo da estabilidade de uma madrugada soerguida de outra luz pelo cratão. O mar-chão. 


(Iludido de vento o vento balança a renda da barca, do beliche até à proa, à ponte.) 

Acordar, num dia assim, foi ter o tempo em frente dizendo-me ser dia o dia seguido a voltar do oceano, por onde ando, à procura de muito, um pouco, como à cura, por um poema triste que me faça lembrar só o Sol.

E podia parar por aqui.

Da última vez custou-me menos acordar.

Não sei se eram os mesmos pássaros, não importam por ser pássaros ou voz rouca desta cor mesclada em canto onde a voz da pessoa eleva da musicalidade o ornamento. 

Não sei o que foi. Pouco importa. 

Com o mar e nele emersos em seu fundo, eram tudo. 

É dia, será dia... mas entre cada vaga fluída por onde navegavam haveria vida em um só dia porque só em terra se colocavam para escrever. 

A cabeça dependurada pelo braço descolada ao acordar pelo sorver da baba dos sonhos vestiu-me à pressa, e estou num ponto amplo, que de imóvel fundeada a ancora, menos agora à mercê da corrente me imobiliza na cambiante imensidão das ondas... estava pela primeira vez a experimentar o sabor de não pensar até aí... estava a acordar.

Estava a experimentar pela primeira vez de vir de um estado de fundo silêncio, de ampla e lócua luz, de esclarecimento, digo eu, digo eu, dissemos, nós, no barco.

E ele riu-se, porque sabe. Pelo olhar que lancei a olhar para a folha que tinha na minha mão quando me deitei para experimentar reiniciar-me a escrever, assim me leu.

Nada tinha escrito, a não ser mais umas rugas com que eu contribuí para amarrotá-la entre os braços ainda mais um bocadinho.

Nada tinha escrito.
Nada havia de escrever.

E gritava a dar o bom dia, sem os tachos a escorregar pelo fogão da cozinha.

Uma boa noite, um bom dia. 

Ano do senhor 495 antes de Cristo, como não se diz, como nem sequer em qualquer outro calendário. Hora astral já de milhares de anos de idade, dezenas de milhares de séculos perfeitos percursos de milhão, conquanto momentâneos.

‘Para que importam as horas quando vives à tona de água, diz-me. Há café feito em cima do fogão. Traz-me uma caneca quando subires ao convés.’

E eu começo a escrever o que ele diz sem que para isso seja preciso entrar com ele em diálogo. É fácil. Acabou de se virar outra vez para o mar. 

O vento ala a embarcação. 
O mastro inclinado com a vela de proa a sugar-se movimento da canoa.

O meu capitão está a escrever, está ele, à proa, o ansião, mestre, atlante, argonauta, às rédeas da nave onde transporto a sua pena. 

Ele, é o poeta quem o comanda; ele, e o mar à sua mão.

Dobro a folha amarrotada, enchendo por fim as duas canecas de café.   

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8 de agosto de 2011

sobre brancos V

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trekkers

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2 de agosto de 2011

micro narrativas

As gaivotas ao anoitecer ficam pousadas na areia, voltadas para o Sol como se o venerassem. Estranhamos isso, porque já perdemos o hábito.

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sem título

You ask me
why I make home
in the mountain forest,
and I smile,
and am silent,
and even my soul remains quiet:
it lives in the other world
which no one owns.
The peach trees blossom.
The water flows.

Li Po

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